terça-feira, maio 03, 2005

Desquite, Inverno e outras peripécias

Já faz um tempinho que não escrevo por aqui ... Pois é, a vida começa a correr e quando vemos somos nós que estamos puxando ela pra frente. Corte seco. Mas hoje quero falar sobre desquite.

Uma nova modalidade de status quo paulistana, o desquite está se tornando um padrão de comportamento nos mais diversos meios sociais e profissionais. Não sei se estou exagerando, mas blog serve pra isso também: passar algumas estatísticas erradas, chutar algumas conclusões, e sobretudo, nunca checar as fontes!

Isso me faz lembrar o ano de 2002, onde o meio social que frequento, os medievais, mojicas e afins (temos comunidade e tudo, mas nunca realizamos nada concreto com isso...) , uma época áurea para quem estava desquitado e queria um encosto pré-pago sem compromisso numa noite de frio. Mas chega de lembranças, pois isso é papo de entrevista de talk show... Tudo me faz lembrar papai quando... vovô quando ... enfim, quem estava no roda viva, ou assiste a versão tupiniquim e obesa do David Letterman, sabe do que estou falando.

O desquitado é uma pessoa singular. Ela gosta de ir em festa, está sempre com uma lata de cerveja cheia na mão (com a qual passará a festa inteira, pois ele na verdade não está bebendo pois tem gastrite ansiosa), geralmente participa lateralmente de conversas paralelas, fazendo o coro das gargalhadas quando alguma piada é deferida e, segundo ela mesma, está super bem depois da separação, acha que é isso mesmo e que foi melhor para os dois.

- Aiiiii... (franzindo a testa) O Roberto gostava tanto de cenoura na sopa... eu sempre comprava na quitanda do Japonês uma de pacotinho de isopor. Mas sabe ... (arroto silencioso) ando comendo outras coisas hoje... Meus filhos não estão mais em casa, aliás me ligam uma vez por mês, e acho que vão me visitar em novembro... Sabe como é essa (arroto silencioso) ... juventude, né? Mas eu tô bem, gosto muito de vocês ... Gosto tanto de (arroto silencioso) festa ...

E quando perguntamos a um desquitado:

- Oi linda... ha ha ha (rindo batendo uma palma) Que bom que você veio! Ai menina, você já almoçou?
Franze a testa e faz cara de mais ou menos.
- Aiiii... (arroto silencioso) eu já comi uma tortinha aqui na padaria... Ando meio sem fome ultimamente (arroto silencioso), sabe?

A cada 14 frases que ela compõe, 13 tem alguma menção do ex-marido. Na verdade, estamos lidando com o tipo desquitado clássico, que é uma mulher de 45 anos, separada há 10, mas lembra como se fosse ontem. Hoje isso tem mudado bastante, atingindo também 45 % das pessoas entre 23-30 anos de idade, com índice pluviométrico / horta superior a 60mm / ano. Em outras palavras, o desquite atinge hoje uma classe social que tem uma razoável estabilidade pluviométrica em sua horta, colhendo semanalmente (mesmo que engolindo um caroço ou dois - detalhe para ... ou dois ... é ótimo!) e que aparentemente não faz parte do grupo de risco.

Atenção a todos! O desquite é uma doença sim, e atinge 45% das pessoas que compõe 54 % da faixa etária que compreende dos 23-30 anos de idade, com índices pluviométricas/horta de 60mm / ano, taxa de adesão de 78 cm3/s2 e anuidade da Ordem dos Músicos superior à 2,5 m. (vale lembrar que para a classe dos atores, estes índices mudam pois nunca sabemos se eles estão comprimentando as pessoas ou ficando com elas ... Ai ! )

Eu colocaria uma tabela informativa, mas não sei se tenho tecnologia para isso. Vou reclamar com a edição, assim prometo.



Sobre o colunista:

Dudu Tsuda é desquitado, musgo, pagou a Ordem dos Músicos a contra gosto, passa frio aos fins de semana e acredita num mundo melhor.