segunda-feira, abril 30, 2007

Buenos Buenas

Não hesito em afirmar que Buenos Aires é uma cidade de terceiro mundo que deu certo. Ao menos esteticamente.
Calçadas padronizadas, ruas arborizadas com Álamos, fiação elétrica subterrânea (nos principais bairros) e uma rede de restaurantes classudos com preços acessíveis (ainda mais agora que somos gringos na América Latina).
No entanto, não pude deixar de notar um indício de terceiro mundismo muito criativo - além dos trocentos que nós brasileiros já conhecemos: vendedores de refrigerante nas grades do zoológico, vendem copos da iguaria para os visitantes, passando a mercadoria dentro de um cesta amarrada numa vara de bambú. Nas calçadas da arborizada rua que ladeia as grades do zoológico, estes profissionais do equilíbrio de líquidos ficam gritando para promoção e publicidade de suas vendas, mas sem nunca deixar de dar uma olhadinha para ver se estão chamando muito a atenção. Argentinos...
Obviamente, que saindo do eixo Palermo / San Thelmo / Porto Madeira, a coisa muda bastante. Aí, voltamos ao cinema nacional, ao Nuno Leal Maia, ao podrão e tudo mais. Mas ainda assim, consegue ser mais bonito que sampa.
Vendo aqueles parques todos, aquelas ruas e avenidas organizadas esteticamente, aquela arquitetura coesa, dá vontade de simplesmente sair dando ctrl+C, e dando ctrl+V em locais não muito agradáveis de São Paulo (que não são poucos). Qual será a solução para tanta feiura e falta de coesão estética da vida cotidiana paulistana? Uma horda de prefeitos "dondocas" ou "metrosexuais" para sair torrando os recursos financeiros da cidade em embelezamento?
É meio cretino achar isto uma idéia plausível. Mas bem que São Paulo merecia uns dois ou três mandatos num belo salão de beleza, para ver se a coisa melhora de figura. Ou isso, ou como já dizia Itamar Assumpção: se foda negão.