terça-feira, agosto 31, 2004

Fim de Ressaca na Semana

Continuando a série ... "Você já se pegou..." , temos aqui uma nova situação que, inclusive, anda acontecendo comigo ultimamente. Você já se pegou pensando em nunca mais beber na sua vida? Sabe aquele sentimento, que é uma mistura de arrependimento com dó de si mesmo, que você sente, intercaladamente, com as seções de marteladas na cabeça? Pois é, se essa cena também se repete contigo, então temos algo em comum. Deixo eu ilustrar melhor.

No último fim de semana antes do feriado, alguns episódios tragicômicos coloriram minha vida...

Era uma noite chuvosa. Poucos carros na rua e uma sensação de abandono. Tinha passado o dia inteiro em função de uma pochetagem de couro sem tamanho, e estava realmente exaurido. (esforço que se provou desnecessário, pois a pochetagem miou... )

Mas sempre há uma luz no fim do túnel. (Este é o momento clássico dos contos de banca de cidade de interior.) Tinha uma festa, num bairro distante, numa rua desconhecida. Tentei ligar para algumas pessoas, para me informar mais a respeito e nada.

Bom, resolvi ir. Tenho um histórico em achar festas por faro. Primeiro passo é desligar o motor e ficar a escutar cuidadosamente os ruídos do silêncio. Depois, distinguir o que é festa. Aí que mora o perigo... Pode dar muito certo, como também muito errado.

No meu caso, como estava seguindo referências completamente medievais, não consegui aferir muitas pistas. Nestas horas, a raiva do fracasso vem disfarçado de mau humor com uma leve pitada de "eu não queria mesmo ir em festa... Aonde já se viu fazer festa em dia de chuva? E frio ainda ! Filha da p .... !". (socos no volante)

Incansável, e determinado a achar a maldita festa a qualquer custo, comecei a usar dos meus contatos com o submundo. Um bom detetive deve ter sempre um criminoso na manga. (ou um criminoso de mangá?) Avistei um posto vazio, com luzes apagadas, e apenas uma fresta na cabine, onde uma silhueta de um homem esboçava uma tragada de cigarro. Achei meu criminoso! ( cigarro e posto, sacaram?)

Fui até lá. O carro ficou na metade da parte iluminada da rua. Minha fiel escudeira (que se provou a razão de toda a história, mas isso é para o desfecho...), desceu do carro meio desajeitada, andando de lado naquele chão respingado da noite. Não quiz ouvir a conversa, pois só de imaginar os diálogos já estava nervoso. Sabe como são esses nossos criminosos brasileiros.

Acompanhei com meus olhos seu caminhar até o outro lado da calçada. Não se fazem mais criminosos como antigamente. Ao menos, esses de posto de gasolina. (vai ver é a gasolina ...) Sabiamente, ela foi a um boteco podre default. Desses com posters de cerveja rasgado, painel de coxinha, tudo soando meio ping pong de tutti frutti.

Sem áudio, a cena era bastante existencialista. Chuva fina no meu parabrisa. Chove de saudade no meu peito. Visibilidade distorcida. Me irritei. Resolvi dar um cabo nesta situação, no mínimo, mojica.

Fui pisando naquela calçada envernizada de musgo e ranho da cidade até a porta do bar. Eles estavam realmente discutindo sobre a visão de Deus de nossos atos aqui na Terra? Estavam. Um japonês grisalho, segurando uma corda de varal com um cachorro vira-lata na outra ponta, falava com veêmencia da verdade lá de cima, em meio a goles daquele café requentado. Do outro lado do ringue, adivinhem quem? Começa com Pa e termina com Loma. Lona pros dois. Pra mim chega! Vamo deitá que a gente ganha mais!

Fui saindo triste abatido, tipo tudo está perdido. Nunca estive tão perto de ser feliz. De Luiz Tatit em Tatit, resolvi dar uma olhada de novo na minha agenda onde estava anotado o bendito endereço. 49 não, 491 !!! Sabe quando os filmes retratam aqueles momentos antes da morte, que se vê a vida num flash diante dos olhos? Pois é, vi todo o perrengue de duas horas de frustração e chuva diante de mim. Tudo por nada. A minha escudeira estava em maus lençóis.
Fui resmungando até chegar na dita cuja. Só o amor constrói. Todos acenavam para nós, gritando nossos nomes. Ela se safou.

Logo fui me medievalizando (termo cunhado por mim mesmo, para designar um estado alterado de consciência bastante peculiar) , passando pelos tradicionais ritos de passagem. Alguns trocadilhos e macaquices de Tulipa Ruiz, um dry martini com Pancita, abraços fortes e mojiquices de Juliana Caetano e Fernanda Couto, novidades do casal Zeca e Rita e o bigodinho do nosso querido Otaviano.

O resto já sabem. Bebidas quentes e afrodisíacas, como cervejas e vinhos baratos, churrascão, pão com vinagrete, piano, acordeon, nego berrando, vozes agudas (adivinhem de quem? Tulips) , um seção coletiva de todas as minhas composições mojicas, cd do roxette, etc. etc. etc.
Ao querido Otaviano, uma mensagem especial pela sua compania pra lá de medieval, um parabéns pela sua festinha e pela sua nova casa e um voto eterno de amizade.

Aos demais participantes desta passeata medieval para tornar o mundo mais mojica, muito amor e carinho. (quando é a próxima festa?)

Bom, e falando em medievalidade, assiti duas seções ímpares da mostra de curta. Isto é para reforçar quão especiais elas foram, pois duas alguma coisa ímpar é foda. Mas isso fica pra próxima... beijos e queijos Brie

Dudu Tsuda

segunda-feira, agosto 09, 2004

Auto Análise Tragicômica.

As vezes você já se pegou falando de você mesmo, pelo menos umas quatro vezes por dia? Acho que todos já passaram por isso, ou passam ainda. Sei lá, tem gente que gosta de saber o que você faz, para avaliar o tempo que ele pode investir numa conversa idiota contigo.
Há um certo grau de idiotice tolerável, que motiva uma conversa, mesmo que idiota. Sabe aqueles sorrisos amarelos, com risadas de "mulher de 50" quando vai ao dentista, e comenta na sequência alguma frase de efeito do gênero: "...você tem que fazer escolhas na vida... É melhor um pássaro na mão que dois fugitivos..." E tipo, erra o ditado. Mas, enfim.
Aí você pergunta o que a pessoa faz, ouve aquele blá blá blá, fica lá, sorrindo com uma cara meio idiota / meio de conteúdo, esperando a tua vez. Ah, é bom lembrar de sempre guardar umas frases de elevador na manga, caso o papo fique muito chato... Aquele típico comentário, tá frio, tá quente... "São Paulo é foda, bixo (se for músico) ! Nunca dá para saber se tem que sair de casaco e pochete de couro, ou só de pochete ... " E assim vai.
E o que isso tem a ver comigo? Eu sou um cara que fala a mesma coisa pelo menos umas três vezes por dia. Isto, sempre. Pode imaginar? Ninguém sabe o que eu faço, então ficam perguntando, e perguntando, e sempre tenho que explicar. E o pior, é que a pessoa acha que eu nasci para isso, pois concluem que pessoas que vivem pobres por opção só podem ter nascido para aquilo mesmo.
Este post vai ser bem peculiar... ele desvedará as verdadeiras qualidades de Dudu Tsuda !!!
Se alguém aí pensou em qualquer coisa relacionado a música, arte, etc., perdeu. Definitivamente, não nasci para isto. Eu apenas adaptei a minha mais fina habilidade, desenvolvida em anos de mojiquices, para o uso na arte.
Meu verdadeiro dom é o de criar realidades fantásticas com um alto teor tragicômico.
Na verdade, o que eu mais gosto de fazer é inventar realidades fictícias a respeito de alguém ou de algo, para tirar sarro. Muitas vezes é de mim mesmo. É muito bom !!! Vide, pochete de couro e afins... Não é?