sábado, julho 17, 2004

Jumbo Elektro !!!

Quem não viu, não sabe literalmente o que está perdendo... Totalmente medieval ! A balada e a banda. Gente berrando as famosas letras de palavra alguma, delirando ao som pulsante da cyber-cozinha da batera de Le Cheval, dos beats e sintetizadores de Dimas Turbo e do baixo forte de Hans Sakamura.
Frito Sampler e General Eletric conduzem a noite profelindo seus dizeres non sense, cantando as melodias grudentas das poesias sonoras. Sonoras, pois nunca dizem nada, somente melodias. E grudentas, com muito orgulho!
Otto e Dr. Gori contribuem com o ruído necessário para uma banda soar rock 'n roll. Barulho, massa de som, riffs igualmente grudentos. Guitarras de Rock 'n Roll, o que mais poderia se esperar delas?
Bom também não bem assim. Tem excessões. Do tipo? Hans Sakamura também canta. Vozes de meninas de tubinho preto, alemão reclamando e duendes jumbônicos. Frito Sampler espele todos os maus ares com seu extintor em TVi. Otto grunhe algo em sua canção Motoboy. General não pára de falar Hagen Dasz !!! além de berrar a frase célebre: Sai da frente, sai da frente! E Dimas Turbo, que além de fazer corinho com Hans, dá uma palhinha de locutor francês e incorpora as suas raízes do karokê, e do programa de calouro Japan Pop Show.
Então, se você ainda não viu este show, tome uma atitude. Bom é isso.
 
 

sexta-feira, julho 16, 2004

Azar para aqueles que tem sorte?

Estou aqui mais uma vez para escrever sobre mudanças abruptas de rumos de nossas vidas.
Acho que tudo mundo já parou para pensar, que se tivesse uma possibilidade de voltar no tempo, nem que seja apenas alguns minutos, muita coisa mudaria. Talvez para pior, mas sempre achamos que seria melhor.
Tudo poderia ter sido mais bem preparado, ou feito. O fato é que nunca estamos contentes com nossas atitudes. Salvo aqueles dias gloriosos, de sorte extrema, que tudo dá certo e no final você ainda é presenteado com uma noite voluptuosa com uma pessoa mais voluptuosa ainda. Mas mesmo assim, tinha sempre um negocinho que seja que poderia ter sido diferente.
É um papo meio louco e imbecil, mas todos pensamos sempre. Mesmo aqueles malas, certos de si, com um ar de otimismo em demasia e muito orgulho do que faz.
Gente legal, de verdade, são aquelas pessoas amigas que sempre estão sorrindo, mas vira e mexe te conta um perrenguinho básico, uma crise, dá uma reclamadinha, etc. E, por incrível que pareça, são estes detalhes que tornam uma pessoa mais interessante. Dá uma riscada na armadura, deixa transparecer a falta de alguns parafusos, permite que seja possível rir da própria desgraça. E isto não é humor? Saber tirar sarro da desgraça é o dom daquelas pessoas que vivem contando histórias escabrosas e muito engraçadas nas rodas de amigos. 
Um brinde aos azarados, aos donos de carros que quebram, aos que sempre pegam a estrada que está com mais trânsito, aos que atolam o carro quando estão indo tocar numa rave, enfim, aos mojicas que sempre se fod... mas riem no final!
   

terça-feira, julho 06, 2004

Escolhas da Vida

Ontem assisti um filme antigo, de 2001, chamado Vanilla Sky. Acho que nunca tivera vontade de assití-lo pois tenho um pouco de bode do Tom Cruise. Mas, depois do Último Samurai, minha relação mudou um pouco, e como o DVD estava em promoção no supermercado, decidi comprá-lo.
É uma história super louca, com ambiguidade de realidade e sonho, problemas afetivos e emocionais, crises de identidade e esquizofrenia. Mas o ponto fundamental do filme é mais simples que isso. São as escolhas que tomamos no nosso dia-a-dia, e que muitas vezes passam desapercebidas, mas que na realidade mudam o traçado de nossas vidas.
Talvez seja mais fácil lembrar de algumas mais fortes, dado o momento de dúvida e tensão que envolvia a decisão. Algum assunto polêmico, que envolvia muitos valores e problemas cruzados, mas que as vezes eram mais grilos e paranóias do que outra coisa. Ou não.
Mas também, tem aquelas bem banais, que fazemos com uma risada interna e um sentimento de plenitude, que mais tarde se revelam como as verdadeiramente cruciais na mudança de rumo da vida. É sobre isso que se fundamenta o enredo do filme, e é sobre isso que estou pensando agora.
Eu, como um bom taurino, adorador dos prazeres materiais e do tempo dos eventos, sinto extrema dificuldade em tomar decisões, mesmo as mais banais. Gosto de seguir o meu dia de acordo com a sequência de eventos que vão ocorrendo pelo simples e leve encadeamento do acaso ou da circunstância. Fico meio que anestesiado pela fluidez das ações que vão sendo sugeridas e criadas no momento presente, sendo altamente corruptível por amigos boêmios e igualmente "taurinos".
Nào é atoa que tenho uma dificuldade absurda e dar conta dos meus compromissos, me baseando no tempo do relógio. É um tempo duro, concreto, que não se distende e nem se encurta. Não se adapta a situação presente, e muito menos à fluidez do momento vivido. Ele chega cortando conversas, acabando encontros, ditando os deveres do amanhã, te colocando a seu serviço.
Nunca está bom. Sempre podíamos ter aproveitado melhor o tempo. Ou ter feito algo mais interessante, sendo todo o tempo perdido em vão, ou ter rendido mais, realizando mais ações quanto possível, ou ainda, ter feito com mais velocidade para ter dado mais tempo de fazer aquele programa mais divertido. Aqui são três situações distintas: a insatisfação constante do indeciso, o perfeccionismo exacerbado do CDF e o princípio da noção de tempo dos eventos do aspirante à Bon Vivant.

domingo, julho 04, 2004

Para se chegar ao céu, temos que dar uma passadinha no pulgatório antes... Ou em português claro, passar um puta perrengue !

Dojão

Sábadão, dia 26 de junho, Show do Trash Pour 4 em Santo Antônio do Pinhal, no Spa Musical Jardim Suspenso da Babilônia. Data esperada, pois o lugar é maravilhoso, uma cave bem íntima, sob um estúdio gigantesco, todo envidraçado com uma vista para a serra.
O dono de um lugar como esse não haveria de ser diferente. Um pessoa fantástica, aliás duas pessoas fantásticas, João e Silvia, que conheci há dois anos atrás, quando havia ido dar uma canja em seu restaurante.
Pizzas feitas com muito carinho, um ambiente à luz de velas, aquecido com o calor de uma lareira, bons vinhos e boa música. Vindo de mim, até parece clichê. Pô, o cara só fala de vinho e comida. Mas é que neste caso, temos que fazer uma ressalva.
Mas, no sábado ao meio dia, toda esta atmosfera mágica ainda não passava de um sonho. Estávamos cheio de energia, e ávidos para ver o verde da montanha, e viver toda aquela bateria de prazeres taurinos. Eis que meu telefone toca, e fico sabendo que o carro das meninas tinha quebrado na Dutra. Por sorte, ou por azar, eu ainda não tinha passado por aquele trecho de estrada, e me dispus a ajudá-las, afinal somos uma banda unida.
O carro, um Dodge Polara 1976 creme, estava encostado perto de um pedágio. As duas, sentadas no capô. Uma cena meio Thelma e Louise. Carros sempre param quando acabam de sair de uma revisão no mecânico. Por que será?
Enfim, contatamos um guincho que chegou algumas horas depois. Tempo suficiente para comermos um pacote de salgadinho japonês, que consistia de pequenas ervilhas crocantes temperadas com Wassabi, um condimento verde a base de raiz forte. Isso mesmo. Gastrite na certa.
Fomos gastritando até o segundo mecânico da história, seu Barbosa. Um crioulo forte, com braços tenros, tronco robusto, com um visual meio cowboy meio mecânico. Camisa de mecânico, chapéu de cowboy, calça jeans, cinto de couro preto, celular com capa de couro preta, sapato mocacin, etc. Sim, ele era mais pochete de couro! Devia ter uns 40 anos. Ao menos, aparentemente. Não é que o figura tinha 75 anos de idade.
O dojão já tinha ido para lona, e nos restava estas duas opções: alugar um carro, ou ir de taxi. Alugar carro, com certeza! Com este seu Barbosa andamos pelo menos umas quatro horas dentre as cidades de Jacareí e São José dos Campos, a procura de uma locadora de carros. Não sabia que isso era tão difícil fora de São Paulo.
Muitas portas fechadas, má_vontade.com e tudo mais que se tem direito na hora do perrengue. Perrengue atrai perrengue, assim como pobreza atrai pobreza. Persistimos firmemente, correndo pelas ruas sombrias da periferia de Jacareí, a Natália e a Mariah no kadetão prata do seu Barbosa, e eu e a Paloma no meu Uno guerreiro com escapamento furado.
Meu ouvido já não escutava mais nada direito, tamanho era o barulho do meu carro. Mais parecia um djeridoo amplificado num sub-woofer, ou mesmo um aspirador de pó entupido. E o seu Barbosa descendo a lenha no seu kadetão. Uma típica situação de filme B. No mínimo.
Achamos uma locadora em São josé às 21:30 hs, numa região industrial da cidade. Parecia um sonho. Já estávamos achando que nada mais salvaria aquele dia, e que a única opção fosse voltar para casa de guincho. Quase foi assim.
Para variar, tivemos problemas na transação burocrática da locação do carro. Cartão que não passa, documento estrangeiro que não é aceito, etc. Se fosse fácil, não seria verdadeiro. Nessas alturas, o dono do bar já havia me telefonado algumas vezes para saber se iríamos chegar de fato em Santo Antônio. No final, foi ele quem convenceu o cara da locadora a fechar o negócio conosco.
Toda história tem seu final feliz. E assim seguimos para o paraíso.

Pizzas no forno a lenha e tudo mais que se tem direito

Demos a primeira entrada lá pelas 22:00 horas, para algumas poucas e boas pessoas. Tínhamos acabado de chegar de uma viagem ao centro da Terra.
Nos sentíamos literalmente no paraíso. Iluminados com luzes coloridas, fazendo o que mais gostamos de fazer, sabendo que algumas pizzas nos esperavam, tomando um cálice de vinho tinto Côtes du Rhones e muito bem acompanhados.
A noite seguiu adiante neste ritmo. Um pouco de música, amigos, pizzas, vinhos, vinhos, vinhos, etc. Todos bêbados e felizes cantando o refrão "Take my breath away" - tema do filme Top Gun. Era como se nada de ruim tivesse acontecido naquele dia. No final, teve até canja dos "dois públicos" que estavam presentes.

Vista para o mar de montanhas

Acordamos com a luz do dia ensolarado que nos esperava na cachoeira. Dormimos no estúdio, todos juntos, meio festa do pijama. Mas não era um simples estúdio. Era o estúdio envidraçado que fica em cima do bar.
Anoite não dá para se ter idéia da vista daquelas janelas enormes que circundam o estúdio. Mas ao amanhecer, apenas levantando um pouco a cabeça do travesseiro você dá de cara com a serra de Santo Antônio do Pinhal e de São Bento do Sapucaí, um verdadeiro mar de montanhas.
E não pára por aí. Comemos um café da manhã caseiro feito pelos próprios João e Silvia, sob os raios suaves do sol de inverno da montanha. Lá do restaurante, que fica no topo do morro, podíamos ver os demais chalés no meio das montanhas onde estava hospedado o nosso fiel público.
Após uma jam session básica temperada com uma ervinha da boa, seguimos para cachoeira. Só a estrada já valeu o passeio. Casinhas de pau-a-pique com cercadinhos de madeira velha, fazendinhas com algumas cabeças de gado, alguns moinhos, árvores solitárias num campo gramado. Cenário de filme rodado no sul da Itália.
A cachoeira não podia ser diferente. Seguimos por uma hora de trilha no meio do mato, dentro da propriedade de um dos "públicos". Uma boa caminhada com trechos de floresta fechada, subidas ao longo do curso d'água, passagem por arame farpado (básico!) e até travessia por uma estrada. Pessoas que não são muito de trilha não enfrentaram problemas, assim como os que gostam conseguiram ter um aperitivo. Deu para renovar o sangue.
A região é muito rica em recursos hídricos, o que faz com que seja costurada por várias cachoeiras e rios. Para a nossa sorte, ficamos amigos do dono da fazenda que contem a maior cachoeira da região, com vários pontos de queda d'água e piscinas naturais. Água gelada no lombo, e tudo que é pepino vai embora.
De baterias recarregadas, voltamos para a cidade para a última grande cartada: trutas com amêndoas, seguidos de doces caseiros no restaurante Catavento.
Um restô simples e tranquilo. Uma atmosfera familiar bem aconchegante do interior. Pratos bem servidos, temperos leves e atendimento excelente. Foi um verdadeiro banguete, com cumbucas de feijão passadas de mão em mão, trutas com amêndoas, trutas com pinhão, picanha assada com alho, uma efusão de aromas comestíveis. Se passarem por lá, bom apetite!


Onde está este paraíso?
Bom, eu te explico. Fica em Santo Antônio do Pinhal. Pegar Dutra ou Carvalho Pinto. Se for pela Carvalho (recomendado apesar do preço do pedágio) seguir sempre em frente sentido Campos do Jordão. Na serra de Campos (rod. Floriano Peixoto), haverá um entroncamento, com placas indicando a estrada para Santo Antônio do Pinhal. É fácil de achar. Uma grande subida na direita para quem está em sentido Campos de Jordão. Depois é só seguir placas.
Pela Dutra é só seguir até a saída indicando Campos do Jordão, quando cruza a rodovia Carvalho Pinto. Depois segue o mesmo caminho.


Jardim Suspenso da Babilônia
Rodovia SP-46 / km165
www.spamusical.com
(0xx12) 3666-1487